“Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir. O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas idéias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas.
Já se vê quanto vai do saber aparente ao saber real. O saber de aparência crê e ostenta saber tudo. O saber de realidade, quanto mais real, mais desconfia, assim do que vai apreendendo, como do que elabora.” (Trecho “Oração aos Moços” Rui Barbosa in Academia Brasileira de Letras).
Estabelecer aqui o registro rápido do corpo acadêmico nesse Jubileu de Prata da Academia Douradense de Letras, significa marcar um momento célebre na história da instituição e seu contributo à cultura de Dourados. Busca-se, antes de tudo, enaltecer-se o saber e o aprimorá-lo constantemente, visto que os saberes numa sociedade tecnológica que ânsia a fluidez do conhecimento e o seu acesso cada vez mais facilitado, o que, no entanto, não tem garantido a segurança na informação haurida nos veículos de comunicação. Assim, é conferido aos escritores, aqui reunidos na confraria, o dever pelo zelo à informação verossímil, à produção artística e cultural através das belas letras, num nível elevado da reflexão crítica que a produção literária possibilita nos seus mais variados gêneros textuais.
É preciso refletir como disse Rui Barbosa na “Oração aos Moços”, não é apenas ler, mas refletir, ou seja, configurar-se como um sabedor “transformador reflexivo de aquisições digeridas”, assim é o que buscamos com esse registro de conhecimento e apresentação dos acadêmicos e uma amostra de seus textos, que são ampliados nas obras literárias que nossos acadêmicos produzem. Significa muito marcar a história da instituição, registrando o tempo decorrido e celebrando a resistência e qualidade através do tempo.
O regime da memória é o nosso viver, sendo sob suas construções no campo do saber que erigimos as marcações do tempo sinalizando como um farol à sociedade no futuro, que seja promissor. Recordar significa sobreviver aos enganos e desvarios da sociedade conturbada de nossos dias. Em face de uma sociedade em constante ebulição e transformação, no torvelinho das mudanças, fixamos a nossa vocação para memorizar o mundo, a trajetória da Academia Douradense de Letras confundir-se-á com a História de Dourados através de nossos registros acadêmicos.
Assumi esta Presidência sob o resguardo da honra, da arte de escrever e também do resguardo da memória literária, com um intenso trabalho, em constante diálogo com as manifestações culturais locais, nacionais e internacionais, interagindo sempre com a vida comunitária de nossa gente. Tendo a colaboração de nossa confraria, a participação especial do Escritor Argentino Marcelo Moreyra, com um brindar literário de dois poemas sobre a erva-mate, tema do Festival Literário Internacional de Dourados, realizado nessa gestão. Como também registrando o tocante à Academia Douradense de Letras e sua versão Jovem. Quando Machado de Assis, no seu discurso inaugural da Academia Brasileira de Letras, confessou que os moços inspiraram a fundação daquela Academia, ouso dizer que a ADL - Jovem traz em seu bojo o compromisso de reduzir a distância que separa os jovens das instituições que os precederam no tempo, forjaram a psique e a cidadania e travaram os baluartes que sustentam a história para o vislumbre de um futuro que seja melhor.
É nessa garra e compromisso, que sigo avante Ad Infinitum Per Angusta, consciente do compromisso e do que pesa sobre mim, neste instante, junto com esta Diretoria, e em estreita aliança com todos os Acadêmicos, que é o difícil e digno dever de conduzir esse ano memorável de Jubileu em que celebramos 25 anos de fundação aos anos que se seguem com um mirar seguro num futuro muito melhor para a Literatura e para a Cultura no Mato Grosso do Sul, no Brasil e no mundo. Uma data de emancipação do nosso espírito acadêmico, um momento de celebrar, de planejar e de crescer, esse é o nosso compromisso, é o nosso dever. Deleitem-se nessa Antologia, observando os passos trilhados pelos que nos antecederam nessa jornada. Impossível esquecer os fundadores, os saudosos confrades e suas contribuições imortais.
Presidente
Academia Douradense de Letras
Membro Efetivo – Cadeira n° 06 – Patrono: Marechal Rondon
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