Morávamos no interior do estado de São Paulo, estava casada há dois anos, com um filho de um ano de idade.
Convivíamos com a numerosa família do meu marido.
Em 1960, mudamos todos para Mato Grosso, na época ainda o estado não havia sido dividido. Região de Dourados, especificamente Juty, na ocasião haviam matas extensas, nas quais nosso objetivo era desbravá-las e transformá-las em cafezais.
Inseridos numa gleba, que adquirimos para tal finalidade, ao percorrer o interior da floresta, investigando, para em seguida dar início a derrubada das árvores e iniciar as atividades dos nossos sonhos!
Ficamos surpresos ao encontrar “picadas” - trilhas no interior da mata - que passamos a segui-las. Mais adiante encontramos uma construção que nos era desconhecida. Construída com varões – troncos finos- percebia-se que ainda verdes, foram curvados, vários deles até formar uma cúpula arredondada, com seu interior vazio, e sinais de que havia sido usado para fazer fogo em seu interior.
Observamos nos arredores, árvores de média estatura, com sinais de frequentes podas.
Como não chegamos a nenhum resultado do que vimos, resolvemos perguntar ao “seu Remissio”- morador de longa data, do outro lado do rio, que divisava com nossa propriedade.
“Seu Remissio”, passou a nos explicar, com seu vocabulário, entre espanhol, Guarany e o português, mas que conseguimos decifrar!
Aquela cúpula de madeiras curvadas era o “barbaquá “, utilizado para o preparo da Erva e aquelas árvores podadas eram as plantas da Erva Mate.
Nos explicou como era utilizada na região, ao qual desconhecíamos. Nos preparou numa cuia, a famosa bebida, ó tereré.
Em outra cuia, uma bebida preparada com Erva Mate, também, mas com leite.
Ao degustarmos o tereré, por falta dos nossos costumes da região não nos foi agradável ao sabor, quanto ao outro preparo por ser doce, nos caiu melhor.
Explicou-nos que era preparado da seguinte forma: numa vasilha colocava a Erva Mate, devidamente preparada para o uso, em seguida, a rapadura raspada, algumas brasas incandescentes, mexendo enquanto exalava um aroma delicioso. E por último era colocado o leite recentemente fervido, ainda quente!
Então, foi só servir! Através da “bomba’’ sugamos o delicioso conteúdo. Concordamos que estava delicioso!
Falou nos também que poderia ainda ser servido como o tereré, mas ao invés de ser utilizada agua fria, poderia ser quente, cujo nome dado a bebida, ao qual deu o nome de Mate, (o Chimarrão)!
Aos poucos fomos nos inteirando dos costumes da região e nos adaptando ao uso de tão deliciosa cultura!
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